Vamos entrar na semana maior naquela que é uma tradição cultural e religiosa lembrando-nos a manifestação do acontecimento de Jesus de Nazaré morto na cruz. Conhecemos e partilhamos a experiência cristã desta morte e o que ela significou.
Por que escolheu o povo o ladrão quando podia optar por Jesus de Nazaré? A resposta a esta pergunta talvez nos ajude a compreender os movimentos da história e as motivações de ontem e de hoje quando nos é dada a oportunidade de escolher!
Mas escolhemos sempre com os critérios do tempo. Hoje vivemos no “reino da moda”, experimentamos as “metamorfoses da ética”, “manifestamo-nos com expressões do luxo” e vivemos a “sociedade do consumo”.
Somos saídos de um modelo providencial e vemo-nos incluídos numa racionalidade na qual já não existem fins mas apenas meios.
Nos dias de hoje somos mais autónomos mas ao mesmo tempo mais frágeis na medida em que as promessas – que nos fazem e fazemos – e as suas exigências se tornam mais vastas e massivas. Experimentamos e decidimos num “reino de promessas”.
A liberdade, o conforto, a qualidade de vida e da esperança não tiram nada ao trágico da existência, apenas a tornam um escândalo muito cruel.
A decadência e a degradação não é um sentimento novo, e cada um de nós sabe como o encontrar na fragilidade do tempo que vivemos.
A verdade como desafio
Apreender a verdade como manifestação do que acontece e do que somos é assim uma tarefa perene na desafio que se afirma mas que nem todos pretendem encontrar.
A verdade tem custos que não estamos disponíveis para enfrentar ou pagar. Porque é desconcertante e não depende de nós! Além disso não tem preço, está aí para quem se disponibiliza para a acolher num grau limite de acolhimento.
Jesus morreu na cruz na disponibilidade da verdade e da sua revelação. Mas não o quisemos ouvir (acolher) e optamos pela conveniência do momento. Ontem como hoje, não percebemos que a verdade em manifestação constitui o patamar para a liberdade.
E por isso protestamos pela “era do vazio” que somos, este “inferno democrático”, indignados por não podermos comprar a verdade que queremos ser num qualquer hipermercado.
Por Arnaldo Meireles
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