João III, Deus lhe tenha a alma em descanso, tem muito a ver com a crise crónica de Portugal, isto porque os portugueses, saudosistas e bem comportados, pouco respiram, mas suspiram muito. E entre suspiros, lá vai pimenta. Morreu em 1555, a sua viúva, Catarina de Áustria, estava destinada a espirrar.
“Catarina soube gerir a crise, mas não podia fazer milagres/…/ acalmou a boca aos credores com 900.000 cruzados.”. Voltou a espirrar em 1580, e dessa vez a constipação era séria. Lá chegou a bancarrota de 1605, da qual pouco falamos. Portugal tem o recorde de oito bancarrotas.”.
O século XVII português abriu com muitas dificuldades”. Assim continua.
Afinal era um país cheio de gente improdutiva, ainda que, quanto a isso, estivesse em pé de igualdade com a França”, mas desgraçadamente não teve uma Revolução Francesa. A única classe social que trabalhava era o povo, mas não mexia no dinheiro.
“O século XVI português tanto conheceu o auge e a queda do império, como assistiu ao drama dos miseráveis”. Hoje não há império para ganhar ou perder, mas continua a corrupção, a quebra de moeda, o drama dos miseráveis. Continuamos a espirrar, talvez seja da pimenta, do ganhar tempo em juros, de calar uma boca aqui, abrir outra ali. E o povo, trabalhando, sem mexer no dinheiro, com o custo de vida cada vez mais alto, mas não lhe passando pela cabeça uma “Revolução Francesa”.