Infelizmente para os nossos idosos ainda não se vislumbra uma saída humanista que lhes permita recuperar alguma normalidade. A pandemia do Covid19 recolocou-os em casa, impedindo-os da vida social e até dos poucos momentos comunitários que encontravam nos Centros de Dia. Estão sozinhos em casa, a sofrer do Soziv2020.
A DGS já permite encontros até dez pessoas. Não se compreende assim que os Centros de Dia não possam retomar a actividade, nem que a reunião das pessoas ficasse limitada ao encontro de dez idosos de cada vez, e assim visitassem o Centro em dias alternados.
O Soziv2020 está a matar os nossos maiores, sobretudo a limitá-los na acção comunitária e criar condições para a desmoralização e a desmotivação pessoal. Ninguém vive sozinho e continuar a impedir a alegria do encontro só acentua a tendência para o pessimismo, primeiro degrau para subir a escada do desânimo total.
É preciso enfrentar este problema, procurando soluções imediatas para colmatar a degradação acentuada da saúde mental destes portugueses, condenados que estão à “prisão domiciliária”.
Falamos de uma emergência para que o Ministério da Segurança Social e também o Ministério da Saúde acordem para esta realidade dramática. Também ajudava se as organizações do sector social acordassem para este problema real e se apressassem a convencer o Governo para as mudanças que é preciso adoptar, na defesa destas pessoas que de facto “não têm voz”.
A desobediência cívica como direito
Enquanto os idosos estão proibidos de frequentar os Centros de Dia, vemos entretanto que muitos deles optam por encher os bancos dos jardins nos centros cívicos das localidades.
Fazem-no como grito de independência, pois não entendem a reclusão em casa como caminho de vida numa altura em que a noção de tempo é bastante estreita.
Manter os Centros de Dia fechados (que poderiam acolher os idosos em condições de higiene e saúde muito superiores àquelas que lhe são oferecida pelo ambiente vivido nas nossas ruas) é privar os idosos de uma plataforma de encontro e partilha, necessária e segura e que existe em todo o país.
Este fundamentalismo contra os idosos da DGS não é mais que um tipo de cegueira precoce que em tantos domínios tem corrigido o tiro, mudando de opinião de acordo com a evolução/controlo da doença. Chegou o momento de mudar também aqui.
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