Crónicas do coiro da burra ou como ela é essencial à democracia

Como canta o Zeca: “O padre vendeu a burra/Para não dar mais cevada”. Será que a burra veio parar aqui ao Algarve, mais concretamente entre Estoi e o caminho para Faro, indo pelo Chelote? Afinal ninguém sabe porque chamaram Coiro da Burra a este sítio. Mas é o Coiro da Burra, por onde passam muitos coiros para fazer pela vida e pagar os impostos.
Falando em impostos, temos de falar no Estado. Como já diziam outros que pensavam antes de nós, a sociedade divide-se em dois grupos: produtores de riqueza e usurpadores de riqueza (Estado incluído). Seremos livres quando o Estado não existir? Sendo assim, demora muito, não vale a pena sonhar agora com isso.
Pensemos apenas no padre que vendeu a burra para não lhe dar cevada. Assim como o Estado português. Por exemplo: mandou os enfermeiros embora para não lhes dar mais cevada (euros) e ficou igual ao padre: poupou na cevada e ficou apeado.
Acabar com o Estado até nem era má ideia, mas… Quem não vê recompensa dos seus esforços, o que mais lhe apetece é mandar o Estado às malvas. E todos os Estados, à direita e à esquerda, violaram os direitos humanos, executaram opositores, mais ainda os intelectuais não fossem eles, pensando, encontrar uma alternativa ao Estado vendedor de burras só para poupar cevada.
O capitalismo, enfim, como Frankenstein que é, ressuscita a partir dos cadáveres de outras ideologias, aquelas que só provaram ser capitalistas disfarçados. Voltando aqui ao Coiro da Burra: medite-se no padre/Estado que vendeu a burra para não lhe dar mais cevada. A burra se fez ao mato e à falta de cevada comeu erva e sobreviveu, o Estado que comesse a cevada. O pior é o preço da cevada que alimenta o Estado, de direita, de esquerda, quem sabe se ao centro. Como diz o povo: Para trás mija a burra. Então que se ultrapasse o que vem de trás, sem direita nem esquerda, nem com o centro. Não seria melhor uma espécie de capitalismo nascido de novo, sem andar a juntar pedaços de cadáveres? Assim um capitalismo democrata, que não deve ser impossível de criar, desde que se deixe de alimentar o Frankenstein. Sei lá, digo eu…
E enquanto não aparece para aí alguém a delinear um Estado democrata fiquem com o sentido de oportunidade desse cão. Mas por favor não se tornem capitalistas.
Leonor Fernandes, autora Grupo Privado Sociedade Justa

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