A globalização da comunicação e a facilidade das tecnologias permitem tudo. Destruir, escravizar e tornar evidentes “verdades” que são mais que questionáveis.
Nunca se soube tão pouco e nunca se foi tão convicto de se saber. Recusam-se as leituras de bons livros e de autores onde, frequentemente, apenas se vão buscar extratos de textos descontextualizados para lhes ser dado outro sentido e suportar as afirmações que se fazem.
O perigo espreita e é aproveitado. Basta que alguém se lembre de ver um determinado tema de pernas para o ar e o divulgue insistentemente para que esse tema passe a ser uma verdade aceite por uma larga maioria. Lê-se pouco bons autores, reflete-se pouco e fala-se muito. Sobretudo através da escrita on-line.
Não devem a pessoas formular e emitir as suas opiniões pessoais? Claro que sim. Claro que devem. Mas uma opinião não é uma afirmação. Não é uma certeza. É apenas uma visão permeável a outros contributos.
Em trabalhos académicos, quando se pretende aprofundar uma determinada matéria, é dado aos alunos a bibliografia que devem consultar para desenvolver as investigações. Cada aluno pegará, entre os autores sugeridos e legitimados, aqueles que respondem às suas pistas de análise e produzirá uma investigação particular e diferente a partir de fontes credíveis. Mas sempre na certeza de que não há verdades absolutas e que a evolução do pensamento científico exige acertos e mudanças permanentes.
A comunicação hodierna está nas mãos dos interesses económicos que tudo compram e esfregam as mãos de contentes com a desinformação que, de forma explícita ou implícita, estão a promover. É urgente que denunciemos as vicissitudes dessa comunicação. É urgente um jornalismo sério e independente que nos una com uma informação credível.
Só a cultura liberta o ser humano e quebra as correntes que o aprisionam. Sejamos humildes na nossa aprendizagem para que possamos estar sempre a aprender. E nessa aprendizagem nos unirmos numa consciência social e coletiva sem a qual seremos sempre escravos.