Portugal, salvo alguns lamentáveis períodos da sua história de quase 860 anos, tem tido uma imensa relevância internacional quando comparado com a sua dimensão. Contudo, apesar de todos os feitos passados que me dispensarei de enunciar, bem como dos protagonismos, feitos e cargos recentes que uns quantos portugueses têm alcançado no panorama internacional, lamento, mas não creio que isso venha a manter-se no futuro se nada for feito e depressa, bastando para tal observar dois ou três aspectos:
- Natalidade: – por mais que se propagandeie e lancem slogans sobre o tema, a verdade é que não há políticas que realmente estimulem e convençam as famílias a aumentar o número de filhos que, no mínimo, deveria ser em média 2.1 por mulher só para repor a população existente que, actualmente, andará por volta de 1.2, 1.3, não mais…, da mesma forma que, no que respeita à imigração que poderia dar um contributo precioso neste tópico, exceptuando alguma abertura no acolhimento de refugiados e imigrantes, de facto não há nem percepção nem gestão do fenómeno, investimento em políticas de hospitalidade, integração, estímulo à permanência e ao empreendedorismo de quem se recebe);
- Pobreza: – uma elevada percentagem da população está condenada à pobreza congénita e não é nem será capaz de interromper a dinâmica nem cortar a amarra com tal fatalidade, por um lado porque aos seus filhos não são fornecidas ferramentas ou condições de igualdade e discriminação positiva para darem o salto e quebrarem o ciclo, e por outro, porque os salários dos progenitores são miseráveis, as condições de vida inimagináveis e a iliteracia residente;
.Velhice: com uma enorme percentagem de velhos, a maior parte pobres e carentes de todo o tipo de serviços e ajudas, o nosso país transformou o pseudo-apoio que lhes é devido num brutal negócio privado e social, sem escrúpulos, incluindo a Igreja católica que é quem saca o naco maior, mas que, como se tem estado a ver no último ano, afinal, apesar das fortunas que têm recebido ao longo de décadas (desde um pouco antes de 1983), impõe-se dizer a verdade e gritar bem alto que não estão à altura da missão. Tomaram nas suas mãos os utentes, esmifraram-nos e às famílias sem dó nem piedade e é o que se tem visto, dezenas de milhares de infectados e mortos em todo o país, quadros de pessoal insuficientes e irregulares, sobrelotação propositada, ausência de fiscalização sistemática, cadeias multinacionais sem comando de proximidade, promiscuidade, ganância, corrupção, insensibilidade. Toda a gente em Portugal ambicionando um negócio assim…(?)
- Claro que poderia prosseguir, incluir o meu grito de há muitos anos, de que “os únicos heróis que há em Portugal são os Pobres e os Velhos!”, mas até eu, que não torço, às vezes duvido se vale a pena continuar a promover tal reflexão.
Victor Camarneiro, autor em Grupo privado Sociedade Justa/Facebook
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