Razões para se preocupar com a poluição do ar que respira

A cada ano cerca de 7 milhões de mortes prematuras são atribuíveis à poluição do ar.
Cidades superlotadas e subúrbios com muito tráfego de veículos são pontos importantes de poluição do ar.

Cidades superlotadas e subúrbios com muito tráfego de veículos são pontos importantes de poluição do ar. (Agência Código19/Folhapress)

A poluição do ar está ao nosso redor. Dentro de casa, ao ar livre, nas cidades e no campo. Isso afeta a todos nós, quer percebamos ou não. Por muito tempo, tomamos o ar que respiramos por garantido. Havia ar, havia cheiros, havia vento frio, havia ar quente.

Mas pesquisas recentes começaram a lançar luz sobre alguns aspectos bastante preocupantes do que o ar ao nosso redor realmente contém, e como isso afeta nosso corpo. E quanto mais aprendemos, mais percebemos que essa fonte essencial de vida para o planeta precisa de cuidados sérios. Sem ar não pode haver vida, mas respirar ar poluído nos condena a uma vida de doença e morte prematura.

Agora que sabemos como a poluição do ar nos prejudica, não há desculpa para não agir. A ONU Meio Ambiente listou cinco razões para reduzir e eliminar a poluição do ar de nossas vidas.

Ar poluído está criando uma emergência de saúde

Hoje não há dúvida de que a poluição do ar é uma emergência global de saúde pública. Ameaça todo mundo, desde bebês em gestação até crianças caminhando para a escola, até mulheres que cozinham em fogueiras.

Na rua e dentro de casa, as fontes de poluição do ar podem ser muito diferentes, mas seus efeitos são igualmente mortais: asma, outras doenças respiratórias e doenças cardíacas estão entre os efeitos adversos à saúde conhecidos por serem causados por ar poluído.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano cerca de 7 milhões de mortes prematuras são atribuíveis à poluição do ar – um número impressionante de 800 pessoas a cada hora ou 13 a cada minuto. No geral, a poluição do ar é responsável por mais mortes do que muitos outros fatores de risco, incluindo desnutrição, uso de álcool e inatividade física.

Crianças estão sob risco maior

Globalmente, 93% de todas as crianças respiram ar que contém concentrações mais elevadas de poluentes do que a OMS considera seguras para a saúde humana. Como resultado, 600 mil crianças morrem prematuramente a cada ano por causa da poluição do ar. Como se isso não bastasse, a exposição ao ar sujo também prejudica o desenvolvimento do cérebro, levando a deficiências cognitivas e motoras, enquanto ao mesmo tempo coloca as crianças em maior risco de doenças crônicas mais tarde na vida.

A poluição do ar no ambiente doméstico é particularmente prejudicial para mulheres e crianças devido aos seus papéis tradicionais de gênero em muitas culturas. Cerca de 60% das mortes domésticas relacionadas à poluição do ar no mundo ocorrem entre mulheres e crianças, e mais da metade de todas as mortes por pneumonia em crianças menores de 5 anos pode ser atribuída à poluição do ar em ambientes fechados.

Poluição e pobreza andam de mãos dadas

A poluição do ar atinge o coração da justiça social e da desigualdade global, afetando desproporcionalmente os pobres.

Nos lares, a poluição do ar vem principalmente de combustíveis e sistemas de aquecimento e cozimento de alta emissão. Combustíveis e tecnologias de cozimento e aquecimento limpos estão fora do alcance das famílias de baixa renda, de modo que alternativas poluidoras são a norma.

Cerca de 3 bilhões de pessoas dependem da queima de combustíveis sólidos ou querosene para atender às necessidades domésticas de energia, e 3,8 milhões delas morrerão a cada ano devido à exposição a esses poluentes. A falta de consciência dos riscos associados à respiração do ar poluído também contribui para o problema, bem como o custo e a dificuldade de acesso à saúde.

Cidades superlotadas e subúrbios com muito tráfego de veículos são pontos importantes de poluição do ar. Segundo a OMS, 97% das cidades em países de baixa e média renda com mais de 100 mil habitantes não atingem os níveis mínimos de qualidade do ar. Cerca de 4 milhões das cerca de 7 milhões de pessoas que morrem de doenças relacionadas à poluição do ar a cada ano vivem na região da Ásia-Pacífico.

Em países de alta renda, 29% das cidades ficam aquém das diretrizes da organização. Mas, nesses países, também, as comunidades mais pobres são geralmente as mais expostas – usinas de energia, fábricas, incineradores e estradas movimentadas geralmente estão localizadas em comunidades suburbanas pobres ou perto delas.

Quanto mais baratos os combustíveis, maiores os custos

Quando as pessoas adoecem, toda a comunidade sofre. As pessoas doentes necessitam de cuidados médicos e medicamentos, as crianças deixam de frequentar a escola e os adultos que trabalham perdem os dias de trabalho, seja como resultado da sua saúde precária, seja para cuidar de um ente querido. Segundo o Banco Mundial, a poluição do ar custa à economia global mais de 5 trilhões de dólares por ano em custos de bem-estar e 225 bilhões de dólares em renda perdida.

Um estudo de 2016 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que, se a situação permanecer inalterada, até 2060 os custos anuais globais de bem-estar das mortes prematuras por poluição do ar externo seriam de 18 trilhões a 25 trilhões de dólares, com os custos da dor e do sofrimento provocados por doenças estimados em cerca de 2,2 trilhões de dólares.

Existem outros custos menos diretos, que, no entanto, nos afetam globalmente. Espera-se que o ozônio no nível do solo reduza o rendimento das culturas básicas em 26% até 2030, criando desafios de segurança alimentar e nutrição. A poluição do ar também degrada materiais e revestimentos, diminuindo sua vida útil e gerando custos de limpeza, reparo e substituição.

O sexto Panorama Global da ONU Meio Ambiente estima que as ações de mitigação do clima para alcançar as metas do Acordo de Paris custariam cerca de 22 trilhões de dólares. Enquanto isso, reduzindo a poluição do ar, poderíamos economizar 54 trilhões de dólares em benefícios de saúde combinados. A matemática é clara: agir agora contra a poluição do ar significa economizar 32 trilhões de dólares.

Direito a um ar limpo é um direito humano

O direito a um ambiente saudável tem de status constitucional – a forma mais forte de proteção legal disponível – em mais de 100 países. Pelo menos 155 Estados são legalmente obrigados, através de tratados, constituições e legislação, a respeitar, proteger e cumprir o direito a um meio ambiente saudável.

O direito ao ar limpo também está embutido na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, e totalmente consagrado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – o projeto global para a paz e a prosperidade.

Pronto para agir?

Descubra o que você pode fazer para envolver sua empresa, escola e família. Chame seu governo para impor as diretrizes da OMS para a qualidade ambiental do ar interno e externo.

Lembre-se, ar limpo é um direito.

A poluição do ar é o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente em 5 de junho de 2019. A qualidade do ar que respiramos depende das escolhas de estilo de vida que fazemos todos os dias. Saiba mais sobre como a poluição do ar afeta você e o que está sendo feito para limpar o ar. O que você está fazendo para reduzir sua pegada de emissões e #BeatAirPollut

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