O governo não tem ouvido os nossos apelos, os apoios de emergência tardam a chegar para aqueles que viram os seus trabalhos cancelados e serão os últimos a retomar a sua atividade. No passado dia 4 de Junho, os trabalhadores da cultura, dos espectáculos e do audiovisual, manifestaram-se em várias cidades do país, como Faro, Lisboa, Viana do Castelo, Vila Real, cumprindo com as devidas regras e condições de segurança, em que círculos vermelhos marcavam o lugar que cada um devia ocupar.
“Num setor em que domina a precariedade, os efeitos são catastróficos e à medida que o tempo passa, sem que sejam tomadas medidas de emergência e de fundo, as consequências são cada vez mais devastadoras e auguram um efeito prolongado sobre a vida dos profissionais e sobre a Cultura”, salienta o sindicato CENA-STE, promotor das manifestações.
Eu desloquei-me até à Avenida dos Aliados, no Porto, por solidariedade, mas também porque neste momento também sou um dos esquecidos pelo governo e pela maioria dos partidos, que tenho 90% dos meus rendimentos como Trabalhador Independente, mas só porque tenho um contrato a tempo parcial onde aufiro 10% dos meus rendimentos, estou excluído do apoio para os Trabalhadores Independentes.
Para além do sindicato organizador, intervieram representantes de várias plataformas, assim como foi dada a possibilidade de falar a quem o pretendesse. “Parados, nunca calados”, eram as palavras mais ouvidas e galvanizadoras pelos trabalhadores presentes. Assistimos a algumas perfomances de artistas de circo que estão sem poderem exercer a sua atividade.
De salientar também a presença bem representativa de trabalhadores precários da Casa da Música e de Serralves, despedidos em represália pela participação numa vigília de protesto. O gesto agrava-se pelo facto de o estado ser financiador destas instituições ainda não se ter pronunciado pelo sucedido, como o Governo e a Câmara Municipal do Porto.
Pedro Ribeiro, músico
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Vivemos um período excepcional para o qual ninguém estava preparado. O actual Governo foi posto perante a situação mais complicada que alguma vez foi posta a um governante. Sabemos que os recursos são escassos para acudir a tanta situação de emergência. Porém não se pode deixar à sua sorte nenhum trabalhador ou trabalhadores de determinado sector de actividade. A cultura, os artistas, a economia social são parte da nossa alma, da nossa identidade e, também, da nossa sobrevivência. Há que distribuir de forma justa e equitativa as ajudas estatais disponíveis.