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Mas também há quem pense que, entre dois males, é melhor o conhecido! Também há quem peça para ser substituído e não seja atendido, quer porque não o deve ser, quer porque não há mesmo quem o substitua.
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Há quem se arraste dolorosamente no seu ofício sem o poder abandonar, pois tem uma gestão familiar a fazer. Quem, por todas as razões e mais uma, deva ser substituído, mas não abdica de se considerar insubstituível, intocável, único. E também há, quem, quer por interesses pessoais ou de grupo, quer por subserviência ou pelo ‘politicamente correto’, se engrunhe quando tem o dever de agir, fazendo com que esse ‘tarde’ chegue mesmo demasiadamente tarde.
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Em muitos casos, só chegará quando os sinos dobrarem a finados e os ‘oráculos de coruja’, com ar funéreo difícil de decifrar, carpirem que foi uma perda irreparável, um enorme prejuízo!… Faz lembrar o gracioso epitáfio sobre a exígua campa dum milionário: “aqui jaz o homem mais rico deste cemitério!”.
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Amarrar-se ao lugar só porque sim, quando já não se consegue fazer nada, prejudica, faz andar para trás, mesmo que se tenha feito um bom trabalho. Mas talvez que isso se verifique em todos os âmbitos do ser e do agir. Mesmo sem as ‘pancadas de Molière’, cada um, no palco desta grande casa de espetáculos que é o mundo, com a fatiota e a maquilhagem a condizer, cada um gosta de fazer teatro, de representar a sofrida e hilariante comédia da vida, a seu modo e jeito. Os cemitérios estão cheios destes grandes atores e de gente que se julgava insubstituível. Eles morreram, e o mundo cá vai, sem sobressaltos, a continuar o espetáculo…
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“Quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado fazer, dizei: ‘Somos servos inúteis, só fizemos o que devíamos ter feito’, disse-nos Cristo (cf. Lc 17, 10).
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De quando em vez, porém, torna-se necessário substituir pessoas que faleceram ou, infelizmente, estão doentes. E também as que, por razões diversas, batem a porta inconformadas ou são enxotadas, justa ou injustamente, como ‘non gratas’. Nada de novo, foi sempre assim! E assim foi também logo no princípio da Igreja.
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Judas foi-se…, sem martelo, claro! Não estava doente nem foi enxotado. Bateu a porta, não porque alguém lhe calcasse os calos, mas porque ele não foi capaz de entender o sentido da vida.
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Viveu com um pé dentro e outro fora, mais fora do que dentro, e foi-se mesmo. Alguns pintores passaram a colocá-lo à ponta da mesa, sem fome nem apetite. No retábulo da capela do Santíssimo Sacramento da Sé de Castelo Branco, é apresentado de perna alçada e de costas para a mesa, a olhar para a porta.
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Tem a bolsa das economias na mão e ares de quem está alheio a tudo quanto ali se passa. Pela aragem, não estará, por certo, a pensar na pescaria, na isca para o anzol ou na morte da bezerra, estará sim a magicar a estratégia para que nada falte à tramoia contra aquele que está a dar a vida por ele.
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Aquela primeira Missa, para ele, foi uma seca, não porque realmente o fosse, mas porque a seca estava nele, resistindo a se deixar inundar pela fonte da água viva. Hoje, poderá acontecer o mesmo, se alguém viver de perna alçada e encerrado em si, mais entusiasmado com a seca que o desnutre e encarquilha interiormente do que com abrir as comportas do coração às fontes da vida: “sem Deus, o ser humano não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem seja”.
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Eram doze, ficaram onze, aos olhos deste mundo acabou mal, mas arrependido do que fez. Após a Ascensão de Jesus ao Céu, a comunidade cristã entendeu que era preciso completar o número dos doze, mas de forma que a emenda não fosse pior que o soneto.
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Assim, no auditório com cerca de cento e vinte pessoas, fez-se o silêncio da curiosidade. Pedro, o primeiro entre todos, sabendo que havia ovos para fazer as omeletes, levantou-se no meio da assembleia, apelou ao Salmo onde se afirma “que outro ocupe o seu encargo” (Sl 109,8), e disse: “Irmãos (…), de entre os homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a partir do batismo de João até ao dia em que nos foi arrebatado para o Alto, é indispensável que um deles se torne, connosco, testemunha da sua ressurreição”.
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Note-se que é Pedro quem fala no meio da assembleia. É Pedro quem interpreta a palavra das Escrituras, as palavras do Salmo. É Pedro quem coloca a questão à comunidade reunida. É Pedro quem dá os critérios a ter em conta para um bom discernimento: que a pessoa a escolher tenha sido testemunha fiel de toda a vida pública de Jesus e que tenha sido testemunha da Ressurreição. Nesta dinâmica sinodal, surgem dois nomes de pessoas possíveis, José e Matias.
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Para melhor discernir sobre qual dos dois é que haveria de ser, a comunidade reza, pede ao Senhor que os ilumine nesta hora decisiva: “Senhor, Tu que conheces o coração de todos, indica-nos qual destes dois escolheste para ocupar, no ministério apostólico, o lugar abandonado por Judas”.
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Após a palavra de Pedro e a oração, após se terem, em comunidade, ouvido uns aos outros, tiraram à sorte entre os dois e foi Matias quem, naturalmente, foi incluído entre o número dos doze Apóstolos, sem imposição, sem cadeiras no ar, sem gritaria (cf. At 1, 20-26).
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Tal como Pedro propôs que era preciso associar quem fora testemunha da Ressurreição do Senhor, também hoje a Igreja continua a propor o mesmo a todos os cristãos.
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Ninguém está dispensado de testemunhar a Ressurreição do Senhor.
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Se cada cristão não o fizer no seu próprio ambiente, quem o vai fazer? Cada batizado é, na Igreja e com a Igreja, um enviado ao mundo como missionário da Boa Nova que é Jesus, vivo e operante no hoje da Igreja e do mundo.
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Bento XVI, em Lisboa, dizia que “a prioridade pastoral hoje é fazer de cada mulher e homem cristão uma presença irradiante da perspetiva evangélica no meio do mundo, na família, na cultura, na economia, na política. Muitas vezes preocupamo-nos afanosamente com as consequências sociais, culturais e políticas da fé, dando por suposto que a fé existe, o que é cada vez menos realista” (Terreiro do Paço, 11/5/2010).
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‘Corações ardentes, pés ao caminho” (Lc 24, 13-35), é o desafio que o Papa Francisco nos lança na sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões, que todos os anos celebramos no penúltimo Domingo de outubro, com caminhada de reflexão, oração e partilha ao longo de todo o referido mês.