Ministra fala em chuva de milhões mas são insuficientes para regar o campo das IPSS – Depois de muitos meses de negociações prometidas, de apresentação de um documento base, sustentando as gloriosas iniciativas sociais do governo, de um atraso na decisão esperada pelas organizações das IPSS portuguesas. de um relativo desinteresse em acompanhar as reivindicações sobretudo da CNIS e da UMP, eis que a senhora ministra se prepara para anunicar uma “chuva de milhões” à opinião pública, quando sabe que essa informação não satisfaz as necessidades do sector onde se reconhece que seriam precisos mais 40 milhões de euros para que a chuva dos milhões anunciada pudesse regar as I.P.S.S para evitar a seca que alastra com reflexos na qualidade dos serviços prestados aquem mais precisa .
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Quer a CNIS quer a UMP têm defendido um apoio substancial às suas necessidades mais básicas, sentidas em todas as instituições do país que, sobretudo depois do COVID, enfrentam uma degradação da sua situação financeira e patrimonial.
Vivem as instituições uma situação de crise geral, com muitas delas a alienar património para garantir a funcionalidade oferecida aos utentes, dada a precaridade da comparticipação do Estado.
Chuva de milhões
Tendo conhecimento desta precaridade das instituições, a senhora ministra prepara-se para anunciar “milhões para as IPSS” sabendo que o número que avança não corresponde, aliás está longe de corresponder, à percentagem mínima de aumento de comparticipação que CNIS e UMP têm vindo a colocar em cima da mesa das negociações.
Espera, contudo, a comunicação do Ministério da Segurança Social dar notícia pública dos “milhões” que está disponível para “dar” ao sector da economia social, colocando a dúvida na opinião pública de saber por que razão não aceitam “tantos” milhões….esses “ingratos”.
Até ao momento, tudo indica que pela primeira vez na história da cooperação as organizações sociais representativas das IPSS se recusam a assinar a proposta de “milhões” da ministra Ana Mendes Godinho que por qualquer razão desconhecida ainda tem confiança de conseguir luz verde da autoridade residente na Rua Forte de Santa Apolónia, onde Manuel Lemos prepara as eleições na UMP.
Recorde-se que no primeiro trimestre deste ano, Lino Maia e Manuel Lemos participaram na apresentação do estudo sobre a situação financeira das instituições e referiram a necessidade de acontecer uma alteração estrutural entre as instituições e a tutela.
Esta visão foi comunicada à equipa do Ministério da Segurança Social, que até ao momento está muito longe de ser aceite.
O primeiro-ministro sabe o que se passa e conhece a situação, as organizações sociais não aceitam a proposta dos “milhões”, o impasse está desenhado com consequências imprevisíveis para as partes, num momento político em os portugueses tomam conhecimento do “excedente orçamental” das finanças mas não percebem que não possa ser usado no conforto e na qualidade de serviço prestado pelas instituições às nossas crianças e nossos idosos.
É assim provável que quer a CNIS quer a UMP tenham de recorrer à influência do primeiro-ministro e até do presidente da República para de facto conseguirem que as negociações do protocolo anual aconteçam realmente.