Gilles Lipovetsky, em Braga, a 11 de Novembro

Gilles Lipovetsky, Filósofo e sociólogo francês, autor de “A era do vazio”,  “Os tempos hipermodernos”  e do ensaio “sobre a Leveza” é conhecido pelas suas reflexões sobre a sociedade contemporânea e vai estar em Braga a convite do Grupo DST no dia 11 de Novembro, no auditório VITA.

Por se tratar de um líder de opinião na europa ocidental deixamos aos nossos leitores algumas ideias base que Lipovetsky defende, numa simplicidade estonteante as que nos interpela e nos convida a entrar na discussão estética da comunicação ao mesmo tempo que nos aponta a virtualidade que precisamos descobrir no acontecimento das pequenas/grandes coisas (ou acontecimentos9.
Mas também nos adverte que a “civilização da luz”  que nos foi oferecida, com a globalização/consumismo se manifesta  “cada vez mais pesada” a avaliar pelos sinais que nos dá.”
Estamos agora debaixo do imperativo tecnológico, económico, ecológico” que se “impõe em todos os aspectos da nossa vida social e individual, nas “coisas” e nas existências, nos sonhos e nos corpos”. E por isso “passamos da leveza imaginária para a leveza do mundo, como evidenciado pelos smartphones, pela tecnologia digital, pelos corpos esbeltos e pela cultura do entretenimento”.
Testemunhamos pois, segundo o autor, “o advento de uma civilização leve. Anteriormente, as sociedades referiam-se ao sagrado, às profundezas do ser.
Hoje, a luz tornou-se a maior força transformadora do mundo. Publicidade, proliferação de atividades de lazer, entretenimento, jogos e modas: todo o nosso mundo quotidiano vibra com hinos ao entretenimento, aos prazeres do corpo e dos sentidos, à leveza da vida.

A civilização da luz

Para Gilles Lipovetsky o “capitalismo de sedução” sucedeu ao capitalismo de produção. A ideologia deste universo é o hedonismo, com as novas aspirações dos indivíduos, utopias leves, meditação, Zen, yoga, relaxamento, spas, aspirações pela simplicidade. Toda a modernidade, desde o século XVIII, foi caracterizada pela guerra entre leves e pesados. Facilitar a vida das pessoas, tornando-as suportáveis, é consubstancial à cultura moderna e individualista.

Capitalismo e individualismo: irmãos gémeos

O capitalismo de consumo é um vetor essencial. Imensa máquina de sedução, através do design, da publicidade, das lojas, das embalagens, muda constantemente os seus modelos e programas obsoletos. Industrializa a leveza. A mobilidade conectada e o nomadismo de objetos e pessoas ilustram cada vez mais a leveza ultracontemporânea do individualismo – defende o autor.

Dá a prioridade “ao ultraleve, miniaturização, desmaterialização. Nunca tivemos tantas oportunidades de viver com leveza, mas a vida quotidiana parece cada vez mais pesada (concorrência, instabilidade, vida relacional, precariedade, riscos ambientais, terrorismo)”- acrescenta e esclarece: “Civilização da luz não significa existência de luz. Tudo é fluido, mas todos correm atrás do tempo que lhes falta. O mundo digital acelerou o culto à urgência. Então é terrivelmente cansativo. A leveza leva, sem dúvida, à felicidade. Mas o excesso de leveza mata a leveza”

A insatisfação que nos consome!

Para Gilles Lipovetsky, “O novo ideal é acompanhado de padrões exigentes com efeitos desgastantes, por vezes deprimentes. É por isso que de todos os lados há procura por uma vida mais leve: desintoxicação, dieta, desaceleração, relaxamento, zen… A norma da leveza, por exemplo na moda, é impossível de manter. A magreza não é mais apenas um ideal estético. “Light” é uma indústria e um mercado de massa em constante expansão. Mesmo as novas tecnologias, tão leves, exigem coisas pesadas. Nunca consumimos tantas matérias-primas. A “nuvem” não é possível sem carvão. As tecnologias de informação e comunicação consomem 10% da produção mundial de electricidade, ou da produção anual da Alemanha e do Japão juntas.

Sonhar o futuro, com que sentimento?

Gilles Lipovetsky acredita num  “futuro vertiginoso e ilimitado” e considera que “o mundo inteiro está contido num objeto que não pesa nada e cabe na sua mão. Estima-se que um smartphone tenha hoje tanta capacidade computacional quanto os computadores da NASA que permitiram os primeiros passos do homem na Lua em 1969. Esta dinâmica aumentou de velocidade. Aqui estamos na era da nanociência e da nanotecnologia. A conquista demiúrgica do mundo infinitesimal aparece como a “quarta revolução industrial”, um dos principais impulsionadores da tecnologia do século XXI. Mas sem dúvida que devemos agora estabelecer outro objectivo: a leveza não da pena, mas do pássaro”.

Por Arnaldo Meireles

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